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Perfumes Narcóticos: O Mundo "Viciante” Das Fragrâncias

  • Foto do escritor: Julia Bufrem
    Julia Bufrem
  • 7 de set.
  • 7 min de leitura
A imagem mostra um frasco do perfume Rolling in Love, da marca de luxo Kilian Paris. A fragrância, de cor vermelha, está sobre uma bandeja dourada com uma flor branca ao lado, enquanto uma cúpula de vidro é levantada, liberando uma fumaça que envolve a cena. O fundo desfocado sugere um ambiente de luxo, com caixas de presente da marca.

Se no princípio o nascimento do perfume veio da fumaça e da resina, foi o casamento com o álcool que alimentou (e ainda sustenta) séculos dessa fixação coletiva pelo cheiro. Afinal, a associação dos narcóticos com o universo do vício com a perfumaria não é nem um pouco nova.  


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O que é um perfume narcótico?

Um perfume é considerado narcótico quando provoca uma sensação de atração irresistível e êxtase olfativo. Ainda que não existam evidências científicas de que um perfume possa causar dependência química ou até mesmo alucinações, como acontece com substâncias psicoativas, pode ocorrer uma espécie de “vício” psicológico ou comportamental relacionado a um perfume por conta da forte conexão entre o olfato, as emoções e a memória. O nosso olfato está diretamente ligado ao sistema límbico, a parte do cérebro responsável pelas emoções e lembranças. Por isso, um cheiro específico pode nos trazer uma memória afetiva ou um sentimento específico.


Seja com notas olfativas polêmicas em sua construção, com nomes que remetem ao vício e a um universo misterioso, proibido e intoxicante, ou então com fragrâncias arrebatadoras e irresistíveis, é nesse território que nascem os perfumes narcóticos. O mundo da perfumaria pode ser mesmo “viciante”.

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A origem dos perfumes “proibidos”


Desde o início do século XX, a perfumaria flerta com o proibido. Quando casas clássicas como Caron e Guerlain introduziram tabaco, couro e notas resinosas em suas composições, não estavam apenas inovando, estavam codificando no frasco o imaginário do vício e da transgressão.


Anúncio vintage do perfume Tabac Blond da Caron, lançado em 1919. A imagem em preto e branco mostra um frasco elegante com tampa arredondada e detalhe decorativo na frente, apoiado em uma caixa aberta com tassel pendurado. Ao fundo, há um porta-objetos entalhado, um espelho e um cigarro, simbolizando a modernidade e liberdade femininas da época.
 Considerado um marco na perfumaria, o Tabac Blond, da Caron,  foi criado em 1919 para mulheres que fumavam e que, na época, representavam a modernidade e a liberdade. Apesar do nome, que sugere tabaco, a fragrância é uma complexa combinação de notas de tabaco com uma intensa base de couro, além de cravo e íris.

O pós-guerra trouxe perfumes inspirados em bebidas fortes, como rum e conhaque, associados à boemia. Nas décadas seguintes, o fascínio pelo proibido se intensificou: notas de absinto, cannabis e ópio começaram a aparecer como metáforas olfativas de contracultura e excesso. O nome de um dos lançamentos mais marcantes, Opium (Yves Saint Laurent, 1977), escancarava a provocação: perfume como droga de luxo, capaz de criar dependência emocional.


Nos anos 2000, a perfumaria de nicho levou essa obsessão ao limite. Criadores como Alessandro Gualtieri, da Nasomatto e Orto Parisi, abraçaram de forma explícita o universo narcótico com fragrâncias como Black Afgano, inspirado no haxixe, e Absinth, que traduz em cheiro a sensação vertiginosa da bebida proibida. Já o Risvelium, da Orto Paris, foi inspirado pelo uso recreacional de substâncias para a “expansão da consciência”.


Frasco do perfume Black Afgano, da marca Nasomatto. O frasco de vidro transparente exibe líquido escuro e tampa grande em madeira preta texturizada, fotografado em fundo igualmente escuro, transmitindo intensidade, mistério e sofisticação.
Perfume Black Afgano da Nasomatto, inspirado no haxixe e com notas de cannabis.

Uma colagem surrealista de uma garrafa de Absinto. A garrafa está deitada de lado, com braços e pernas humanas saindo dela. A tampa da garrafa é substituída por uma bandeja de madeira. Um par de mãos, também emergindo da garrafa, segura uma pequena garrafa verde e um copo com um líquido amarelo-esverdeado. A imagem é emoldurada por um contorno branco e disposta sobre um fundo preto sólido. O estilo lembra uma colagem vintage, cortada à mão.
Uma colagem surrealista de uma garrafa de Absinto. A garrafa está deitada de lado, com braços e pernas humanas saindo dela. A tampa da garrafa é substituída por uma bandeja de madeira. Um par de mãos, também emergindo da garrafa, segura uma pequena garrafa verde e um copo com um líquido amarelo-esverdeado. A imagem é emoldurada por um contorno branco e disposta sobre um fundo preto sólido. O estilo lembra uma colagem vintage, cortada à mão.

Isso mostra que o vício invisível do perfume narcótico sempre foi mais do que metáfora: é a prova de que cheiros têm o mesmo poder de atração e de obsessão.

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A tendência olfativa dos perfumes inspirados em substâncias proibidas


A criação de perfumes inspirados em substâncias psicoativas combina extratos naturais, moléculas sintéticas e, em certos casos, truques de ilusão olfativa. Notas como as de cannabis e tabaco podem ser obtidas diretamente das plantas, mas costumam passar por ajustes para eliminar aspectos indesejados (como o cheiro áspero e forte da erva em seu estado natural). Já substâncias como cocaína, heroína e MDMA não apresentam um cheiro natural definido e, por isso, precisam ser recriadas artificialmente. Nesse processo, aldeídos e acordes metálicos evocam a acidez química da cocaína, enquanto nuances almiscaradas simulam o perfume dos cogumelos de psilocibina. 


Mas, é importante lembrar que, por mais que alguns perfumes possam ser olfativamente inspirados em substâncias ilícitas, isso não significa que eles causem os mesmos efeitos.


Fotografia do perfume GANJA da marca Comme des Garçons. A imagem mostra vários frascos do perfume, embalados em invólucros cilíndricos brancos com o nome "GANJA" escrito em preto com uma fonte que imita grafite. Um dos frascos está deitado, revelando o design de seu interior. O cenário é um fundo branco e simples, com uma mesa branca.
O perfume “Ganja", da Comme des Garçons, com notas de Cannabis (2021).
 Fotografia artística do perfume Shrooms da marca Brain Dead. O frasco de vidro cilíndrico, que contém um líquido amarelado e tem um desenho de cogumelo e uma estrela impressos em branco, está apoiado em um aglomerado de cogumelos Ganoderma lucidum (cogumelos Reishi) em um ambiente de estúdio. A imagem tem um estilo surreal e naturalista.
Shroom Cola, da Brain Dead, une notas químicas e musky que evocam cogumelos psicodélicos com um fundo doce e efervescente, tipo refrigerante.

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Fotografia de estúdio do perfume Tuscan Leather da marca Tom Ford. A imagem mostra o frasco de perfume preto fosco e pesado, com uma placa dourada no centro que exibe o nome da marca e da fragrância. O frasco está posicionado sobre uma superfície de couro marrom-escuro, cercado por fios de açafrão, que são uma nota chave na fragrância. A iluminação é dramática, destacando a textura do couro e do frasco.
O Tuscan Leather, da Tom Ford, tem uma conexão cultural com a cocaína por causa da associação olfativa e simbólica. É um perfume de couro intenso, animalic e bem seco, com acordes que lembram tabaco, fumaça, incenso e até um toque de framboesa sintética que muita gente associa ao “cheiro químico” da cocaína. Não é que ele tenha cheiro literal de cocaína, mas esse acorde frutado-sintético misturado ao couro foi interpretado por vários críticos e consumidores como “cocaine vibe”.
Fotografia de estúdio do perfume Purple Haze da marca 19-69. A imagem mostra o frasco de vidro do perfume ao lado de sua caixa branca retangular. Ambos os itens têm um design minimalista, com o nome da marca "19-69" e o nome da fragrância "PURPLE HAZE" impressos em preto. O frasco de vidro contém um líquido de cor âmbar e tem uma tampa preta.
Purple Haze evoca o Woodstock Music and Art Fair em 1969, assim como os ‘Bed-ins for Peace’ encenados por Lennon e Ono em Montreal e Amsterdã, também em 1969. Em um tom mais pessoal, o perfume reflete o lendário artista Keenak, que conheci em Bahama Village, Key West. Guitarra nas costas, botas de couro de cobra, jeans justos e cabelo longo. A fragrância Purple Haze é uma homenagem à criatividade, liberdade e indulgência, criando a atmosfera da 19-69.

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Este é um anúncio do perfume Sui Generis. A imagem foca no frasco cilíndrico de vidro, que contém um líquido translúcido.  O nome da marca, "Sui Generis", está impresso no frasco em letras prateadas com um estilo de caligrafia ornamentado. O frasco é fechado com uma tampa prateada e metálica, que reflete a luz. A foto é tirada contra um fundo branco, o que destaca o design minimalista e elegante do frasco.
Sui Generis, da Filigree & Shadow, com notas de chiclete e metanfetamina, criado a partir do ácido fenilacético, conhecido como precursor na síntese da própria metanfetamina.

Entretanto, James Elliott, criador de um atelier de perfumaria independente em Seattle, o Filigree & Shadow, tem uma criação bem ousada no seu portfólio: desenvolveu uma fragrância inspirada na metanfetamina. O resultado do perfume batizado de Sui Generis foi muito convincente segundo relatos de clientes, segundo ele relatou à revista Dazed. 


Para alcançar essa verossimilhança, Elliott utilizou um ingrediente curioso: o ácido fenilacético; muito usado em perfumaria para compor acordes florais ou adocicados, ele também é conhecido como precursor na síntese da própria metanfetamina. Embora seja totalmente legal, Sui Generis enfrenta barreiras no varejo digital. “Posso vendê-lo diretamente pelo meu site, mas não consigo aprovação no Google ou nas plataformas da Meta, porque ninguém lá parece compreender que a nota de fundo da metanfetamina é simplesmente essa”, afirmou Elliot.


A arte do naming: nomes que sugerem dependência


As alusões a produtos ilícitos e à linguagem da dependência podem não se relacionar apenas com as notas, mas também com os namings, ou seja, o processo estratégico de criar e escolher nomes para marcas, produtos, serviços ou projetos.


Yvresse, Yves Saint Laurent

O Yvresse, da Yves Saint Laurent, é um perfume icônico que tem uma história interessante de nome e relançamentos. Originalmente lançado em 1993, ele se chamava Champagne, mas a marca foi obrigada a mudar o nome por uma ação judicial movida pelos produtores de champanhe da França, que defendiam a exclusividade do termo. Por isso, a fragrância foi rebatizada de Yvresse, uma palavra que evoca "embriaguez" ou "euforia" em francês.




Um anúncio de revista vintage para a fragrância Dior Addict. A imagem apresenta uma mulher com cabelo e pele molhados, usando um sutiã de renda cinza, e com reflexos de luz em seu corpo. A garrafa azul escura e retangular do perfume, com uma tampa dourada, é exibida em primeiro plano, no canto inferior esquerdo. O texto diz "Dior Addict" em letras grandes e "The new fragrance from Dior" (A nova fragrância da Dior) em letras menores. A imagem tem um estilo de fotografia com iluminação dramática e um ambiente noturno e molhado.

Dior Addict, Dior


O Dior Addict, de 2002, é um perfume da Dior com uma fragrância oriental e floral. Conhecido por ser sedutor e intenso, ele tem como nota principal a baunilha Bourbon, combinada com jasmim e flor de laranjeira. Ideal para a noite, é um perfume marcante e inesquecível.

Com o passar dos anos, a Dior lançou diversas versões e reformulações do perfume, adaptando a sua fórmula para se adequar às novas tendências olfativas, embora a versão original de 2002 seja a mais aclamada entre os amantes de perfumes.





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Opium, Yves Saint Laurent

Um dos perfumes mais consagrados e controversos da história, Opium foi lançado em 1977 e foi uma revolução na perfumaria por ser uma fragrância oriental super-rica e especiada, que contrastava com os perfumes mais leves da época.


Este é um anúncio vintage do perfume Opium, da marca Yves Saint Laurent.  A imagem mostra uma mulher de cabelos ruivos deitada sobre um tecido escuro, provavelmente veludo, com a cabeça para trás e os olhos fechados. Uma mão, com unhas pintadas de vermelho e um anel grande, está no peito dela. O frasco do perfume Opium, em sua característica cor avermelhada, está posicionado perto da cabeça da modelo.  No canto superior, o texto em francês diz "OPIUM" e, abaixo, "Jamais parfum n’a provoqué une telle émotion." (Nunca um perfume provocou uma emoção como esta). No canto inferior, a marca "Parfums YVES SAINT LAURENT" é exibida. Orquídeas brancas e uma iluminação dramática completam a cena.

O nome e o conceito geraram grande polêmica na época do lançamento: a palavra "ópio" remete à substância ilícita e provocou protestos em vários países, principalmente nos Estados Unidos.   mas o próprio Saint Laurent defendia que o nome se referia a um estado de êxtase, e não à droga. O perfume se tornou um símbolo de luxo e ousadia, com um rastro duradouro e sensual.


Ao longo dos anos, a marca lançou diversas variações, incluindo o adorado Black Opium lançado em 2014 e que trouxe uma versão mais moderna e doce do clássico, com notas de café, baunilha e flores brancas.


Este é um anúncio moderno para o perfume Black Opium da Yves Saint Laurent. A imagem mostra a atriz e cantora Zoë Kravitz, a embaixadora da fragrância, em um ambiente noturno com a cidade ao fundo.  Ela está segurando o frasco do perfume perto do rosto, olhando diretamente para a câmera com uma expressão confiante. O frasco do perfume, com seu design preto e brilhante, é exibido em primeiro plano no lado direito. O logotipo YSL e o nome "BLACK OPIUM" estão no topo, com a marca "Yves Saint Laurent" na parte inferior. A atmosfera da imagem é noturna, urbana e sedutora, refletindo a estética da fragrância.


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Poison, Christian Dior

O Poison, da Dior, é um dos perfumes mais revolucionários da década de 80. Lançado em 1985, ele representou uma ruptura com as fragrâncias mais clássicas e leves que dominavam o mercado, trazendo um perfume oriental floral intenso, audacioso e com uma personalidade única. O Poison se tornou um sucesso global, e sua fórmula original é considerada complexa, ousada e uma obra-prima da perfumaria. Criada por Edouard Fléchier, combina notas que, até então, não eram usadas de forma tão intensa, como a tuberosa, incenso e mel. 


O nome "Poison" ("veneno" em português) e a embalagem em um tom de roxo escuro já sugeriam a sua natureza misteriosa e sedutora. A ideia era criar uma fragrância tão poderosa que fosse proibida, um verdadeiro elixir de tentação.


Este é um anúncio de revista para o perfume Poison da Christian Dior.  A imagem destaca a icônica garrafa do perfume, com seu design escuro e curvilíneo, em um fundo roxo e azul, com iluminação dramática. O nome do perfume, "POISON", aparece em destaque na frente da garrafa em letras douradas, junto com "Esprit de Parfum" e a marca "Christian Dior PARIS".  No canto inferior esquerdo, uma versão menor da garrafa é mostrada ao lado de sua caixa de embalagem verde e luxuosa. O texto no topo do anúncio repete o nome da marca, "Christian Dior PARIS", e na parte inferior, o nome do perfume e o slogan, "le parfum par Christian Dior" (o perfume por Christian Dior), são visíveis.

Com o passar dos anos, a Dior lançou diversas versões da linha Poison, como o Pure Poison, o Hypnotic Poison e o Poison Girl, cada uma com uma personalidade distinta, mas mantendo a essência de sedução e ousadia do perfume original.


Este é um anúncio vintage do perfume Hypnotic Poison da Dior, com a atriz italiana Monica Bellucci.  A imagem mostra Monica Bellucci com um olhar sedutor, envolta em uma cobra escura com padrões. O fundo é um gradiente de roxo escuro, criando uma atmosfera misteriosa e luxuosa.  Em primeiro plano, o icônico frasco vermelho de Hypnotic Poison está cercado por frutos vermelhos, como cerejas e amoras, e flores.  O texto no canto superior esquerdo diz "Dior", enquanto na parte inferior, o nome da fragrância, "HYPNOTIC POISON", e o slogan "Dior est mon Poison" (Dior é meu Veneno) estão em destaque. A imagem transmite uma sensação de tentação, perigo e mistério.
Perfume Opium da Yves Saint Laurent, lançado em 1977.

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Como identificar um perfume narcótico?


O termo “narcótico”, muito em alta na perfumaria, inclusive, se refere a fragrâncias que são extremamente inebriantes, sensuais e, de certa forma, viciantes. O termo não tem a ver com a substância narcótica, mas sim com a sensação de dependência e atração que o cheiro causa.


Esta foto mostra Kilian Hennessy, fundador da marca de perfumes de luxo Kilian Paris, sentado à mesa. Ele usa uma jaqueta escura sobre uma camisa branca parcialmente aberta. Há um frasco de bebida e um copo sobre a mesa, o que sugere um ambiente sofisticado, possivelmente um bar ou lounge.
Perfumista Kilian Hannessy

“Minhas fragrâncias florais são construídas como uma dependência narcótica. Adoro explorar as diferentes facetas de uma flor, especificamente aquelas que são inegavelmente sensuais.”

 — Kilian Hennessy


Os perfumes da Kilian Paris, especialmente os florais como o “Love, Don't Be Shy”, são conhecidos por serem "narcóticos". O próprio Kilian Hennessy, herdeiro de uma das maiores fortunas da indústria do conhaque, usa esse termo para descrever suas criações. Ele explica que seus perfumes são projetados para causar uma espécie de êxtase olfativo. Ele busca explorar as facetas mais sensuais e profundas das flores, como a tuberosa e a flor de laranjeira, em vez de focar apenas no aspecto doce ou fresco delas.

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